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''AS SEREIAS DO ENSINO ELETRÔNICO''
de Paulo Blikstein
Quando Blikstein se refere as ''sereias'' (seres mitológicos que encantavam os marinheiros e os devoravam) esta se referindo, na verdade, as TIC's (Tecnologias da Informação e das Comunicações) que ''encantaram'' diversos segmentos profissionais ao longo dos últimos 20 anos, tais como profissionais de informática, executivos do comércio eletrônico e jornalistas.
Desde a primeira machadinha de pedra lascada fabricado por nossos ancestrais, até o mais moderno telescópio no espaço, o ser humano nunca deixou de buscar a facilitação das suas atividades através da instrumentalização. Instrumentos nada mais são que a ''extensão'' do corpo humano: onde nossos olhos não chegam, chegam os microscópios e telescópios; não temos garras como toupeiras e tatus, mas temos escavadeiras; não possuímos assas como os pássaros, porém, temos aviões; nosso cérebro não é capaz de processar e armazenar milhares de informações com riqueza de detalhes, então, criamos os computadores, etc.
Entretanto, vivemos em um ''capitalismo selvagem'' e, não a toa, o chamamos de selvagem, pois o que ele busca é ''engolir'' o máximo possível o que estiver ao seu alcance, simplesmente, criando o que se chama de ''necessidade''. Adam Smith, o pai da economia moderna dizia:-''Se você inventou um produto novo e precisa vendê-lo, então, ''crie'' no consumidor a ''necessidade'' dele!'' Quando as ''sereias'' conseguiram ''seduzir'' (criar a necessidade) os diversos segmentos profissionais, ocorreu, ao longo dos anos, uma espécie de saturação, eu diria, e voltamos a sentir falta de algo que as tecnologias não nos proporcionam: prazeres do contato! Eu até consigo ler um artigo no computador, mas não abro mão do contato com o papel ou do cheiro da tinta do livro novo, do jornal, da revista em quadrinho...prazeres que a tecnologia não proporciona!
Ocorreu então um retrocesso, as tecnologias estão ai para ficar, são facilitadoras, mas voltamos a consumir o papel, deixando a fera capitalista sem muitas prezas para atacar, ou seja, estagnada. Foi então que ela avistou a próxima vitima da sua voracidade: os profissionais da Educação. E, de novo, seguindo os conselhos do pai da economia eles ''criaram'' a ''necessidade'' destes profissionais se instrumentalizarem o máximo possível com as TIC's, usando o discurso do ''retrocesso'': ou você me consome ou vai ficar para trás! (decifra-me ou te devoro)
Hoje, após laudas e laudas de discussões, debates e filosofias sobre o uso de TIC na educação ''moderna'', descobrimos, com tristeza que são laudas e laudas de uma necessidade ''imposta'' pelo capitalismo, nas palavras do próprio Blikstein:
''Sabemos que sempre há ''exagero'' quando novas tecnologias chegam (...) freqüentemente, uns poucos ganham dinheiro e uma imensa maioria perde, diante da promessa de ''multiplicação'' milagrosa. Mas parecemos sempre esquecer de tudo isso quando deparamos com um desses ''momentos de deslumbramento.''
Por Gerson Netto, Leila Aquino.
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